Silicone nos cosméticos
O que são, na realidade, os silicones que tão mal ouvimos falar?
O silicone é de origem sintética.
Ingrediente sintetizado a partir do silício, é um composto mineral encontrado abundantemente na natureza na forma de sílica, o principal constituinte da areia.
Fabricado de maneira pouco ecológica porque não é biodegradável, são hidrofóbicos, isolantes térmicos e elétricos, inertes (não proliferam vírus e bactérias), duradouros e estáveis a temperaturas muito altas e muito baixas.
Apresenta-se na forma de óleo, gel e sólido, o que o torna muito versátil e barato.
Tem como função alterar o toque e a textura dos produtos conforme as necessidades do produto por parte do fabricante (as grandes empresas aumentam o volume dos cosméticos a um custo menor), tornando a fórmula mais suave, mais fluida, macia, não pegajosa e mais brilhante.
Como também tem função de emoliente, torna o produto num "toque sedoso" e como tem um alto índice de refração da luz, confere brilho. É por esse motivo que o silicone é usado como agente condicionante em inúmeros produtos, inclusive em alguns champôs tradicionais\, especialmente aqueles “2 em 1”.
Nos produtos cosméticos tradicionais é quase impossível encontrar um produto que não contenha silicones, podendo ser encontrado nos ingredientes dos produtos através do INCI, tendo o ingrediente terminação de “cone” ou “xano” (meticone, dimeticone, ciclometicone, ciclopentasiloxano, ciclohexasiloxano).
Porque são evitados na Cosmética Natural
Há uma grande diferença entre silicone e petrolato (óleo mineral) mas normalmente, os cosméticos tradicionais associam o óleo mineral aos silicones.
Os silicones são pesados e muito difíceis de serem retirados do cabelo.
Para os retirar na lavagem é preciso usar surfactantes fortes e agressivos (SLES e SLS) que causam vários problemas ao couro cabeludo (lembrar que os nossos champôs têm como ingrediente o SCS)
O Silicone penetra nos poros e obstruí a passagem de ar. O resultado disso é o aparecimento de mais acne e irritações na pele.
A Cosmetic Ingredient Review, entre outras organizações, fez extensas pesquisas e testes laboratoriais que comprovam a segurança do uso de ciclometicones nas concentrações dos produtos avaliados no experimento.
Na classificação internacional CMR (Carcinogénicos, Mutagénicos ou Reprotóxicos) estão classificados como tipo 3, ou seja, sem evidência dentro do espectro de estudos para qualquer um desse três tipos de mal.
Mas nas evidências dos testes realizados em animais pela CMR, indica que os testes são insuficientes para colocá-los na categoria 2 (que deve ser considerada como possível carcinogénica/mutagénica/reprotóxica).
A classificação CMR do tipo 1 é a mais alarmante.
A sua produção é um processo químico, o qual ocorre em um laboratório, que gera gasto de energia e resulta no descarte de muito material químico e, para diminuir os problemas nesse campo, algumas empresas evitam a inserção dos silicones em seus processos.
Apesar das evidencias em que indicam que os silicones não são tão maus como muitos falam, a Comissão Europeia decidiu limitar o uso dos silicones em especial o uso de octametilciclotetrasiloxano (D4) e decametilciclopentasiloxano (D5) em cosméticos sendo só possível conter 0.1% do peso em produtos para lavagem.
A procura dos consumidores por produtos de alta performance e custo acessível é cada vez maior.
E a pergunta que se faz é:
"Há produtos que podemos conseguir o mesmo resultado de um produto com silicone sem utilizar silicone?"
É cada vez mais possível, mas com o mesmo custo para o consumidor ainda é um desafio.
Para o meio ambiente, a maior desvantagem que o silicone apresenta é a dificuldade de decomposição, já que não é uma substância orgânica.
Como os silicones poli-dimetil-siloxanes estão presentes numa grande variedade de produtos, não apenas cosméticos, e não sendo voláteis (não evaporando na atmosfera), determinadas quantias são levadas junto com a água do banho ou da indústria, que acaba por se depositar no solo e na água a ser tratada.
O silicone que foi enxaguado irá unir-se a partículas sólidas e acabará por se desprender da água no processo natural da sedimentação.
Observando o contexto atual mundial, é preciso fazer uma observação.
Como a maioria das pessoas utiliza produtos de higiene, cosmética e limpeza industrializados, e como a população mundial está na casa dos biliões, o ecossistema global já pode estar sobrecarregado desse composto, que leva algum tempo para ser biodegradado.
O produto em si não é tão nocivo quanto os derivados de petróleo, por exemplo, e é importante consumi-lo com consciência e uma pegada leve, dentro das possibilidades de cada um.
Da Joana Cosmética Natural